terça-feira, 29 de maio de 2012

CTNBio aprova nova variedade de algodão transgênico

Relembrando que o algodão brasileiro é transgênico desde 2000...



Nova variedade facilita o manejo por ser resistente a insetos e tolerante a defensivos químicos.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou no dia 15 de maio uma nova variedade geneticamente modificada (GM) de algodão. O novo produto viabilizará o manejo conjunto de pragas e plantas daninhas.

A tecnologia aprovada agrega à semente de algodão dois importantes eventos para o combate a insetos da ordem das lepidópteras (lagartas). Além disso, também permitirá o controle de plantas daninhas por meio do uso seletivo de defensivos químicos à base de glufosinato de amônio e de glifosato.

Fonte: CTNBio

sexta-feira, 25 de maio de 2012

voltando ao agente laranja...


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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Milho tolerante ao herbicida 2,4-D a caminho da aprovação nos EUA

Número 586 - 25 de maio de 2012

Car@s Amig@s,

O 2,4-D é um antigo e potente herbicida (mata-mato), famoso por ter feito parte da composição do Agente Laranja, usado pelo exército norte-americano para desfolhar florestas na Guerra do Vietnã e responsável pelo nascimento de bebês com sérias malformações, bem como pelo desenvolvimento de câncer e outras doenças em milhares de civis vietnamitas e veteranos de guerra americanos.

E o "Enlist", um novo milho transgênico desenvolvido pela Dow Chemical e tolerante à aplicação do veneno, já alcançou a fase final do processo de aprovação pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês).

O produto é anunciado como a solução para as "super ervas daninhas", espécies de mato que não mais se curvam ao glifosato no sistema Roundup Ready. Para quem não se lembra, as sementes transgênicas RR, que representam a maior parte dos transgênicos plantados no mundo*, são tolerantes à aplicação do herbicida Roundup (a base de glifosato): o herbicida é pulverizado diretamente sobre as lavouras, eliminando todas as espécies de mato e deixando intactas apenas as plantas transgênicas.

Desde sempre os críticos a essa tecnologia alertaram que em muito pouco tempo as plantas espontâneas desenvolveriam resistência ao veneno – é o que acontece sempre que um mesmo produto é usado na mesma área, safra após safra. Com efeito, o problema das super invasoras já é notório nos EUA (e cada vez mais também no Brasil). Num primeiro momento, os agricultores tentam compensar a perda de eficácia do herbicida aumentando o número de aplicações e as dosagens. Logo depois, passam a utilizar os coquetéis de venenos para complementar o controle do mato, recorrendo a produtos mais antigos e mais tóxicos. O 2,4-D é um deles.

Recapitulando, então: visando diminuir o uso de agrotóxicos na agricultura (sic), desenvolvem-se plantas transgênicas tolerantes à aplicação de herbicida. Em pouco tempo, aumenta-se drasticamente o uso desse herbicida, que logo não surte mais o efeito esperado. Começa-se então a combinar esse veneno com outros mais potentes. Enfim, para solucionar de vez o problema, desenvolvem-se novas plantas transgênicas tolerantes aos venenos mais potentes. O que acontecerá depois? As plantas invasoras desenvolverão, obviamente, resistência aos novos – ou melhor, antigos – venenos, cujo uso naturalmente aumentará. O sistema de controle do mato precisará ser novamente turbinado e essa história não tem fim. Ou pior: poderá dar fim à própria agricultura!

É bom notar que o milho tolerante ao 2,4-D é apenas o primeiro de uma lista de similares. A Dow está também desenvolvendo algodão e soja tolerantes ao 2,4-D (a soja já está em teste no Brasil). Logo atrás, a Monsanto está desenvolvendo soja, algodão e milho tolerantes ao Dicamba, outro velho herbicida da mesma família do 2,4-D. A Syngenta e a DuPont estão também desenvolvendo lavouras tolerantes a outros herbicidas. Nos EUA, dos 20 novos transgênicos que aguardam autorização para plantio comercial, 13 foram desenvolvidos para resistir a um ou mais herbicidas.

Mas até nos EUA existe resistência. Mais de dois mil consumidores, ambientalistas e produtores de frutas e hortaliças, reunidos numa coalização chamada Save Our Crops (Salve Nossas Lavouras), estão se opondo à liberação do milho Enlist.

Uma das maiores preocupações por eles apresentada está relacionada à alta volatilidade do 2,4-D, que facilmente se dispersa pelo ar através do vento, podendo provocar danos a quilômetros de distância. O problema é tão sério que o uso do veneno é rigidamente restrito em algumas áreas e em determinadas épocas em alguns estados dos EUA. Afirmando não serem contra as inovações tecnológicas, os produtores de frutas e hortaliças preveem que a utilização maciça do herbicida em milhões de hectares de milho vá provocar grandes prejuízos.

Segundo matéria publicada pela Reuters, oficiais da Dow se dizem cientes do problema da volatilidade e dispersão do 2,4-D e alegam que desenvolveram uma nova versão do herbicida que, se utilizada "adequadamente", reduzirá a deriva em cerca de 90%. Os oponentes, entretanto, argumentam que o novo herbicida da Dow será tão caro que muitos agricultores aplicarão genéricos mais baratos no milho tolerante ao 2,4-D. Segundo a Reuters, "a Dow reconhece isto, mas diz que trabalhará para atrair os agricultores para sua marca."

Na hipótese de o Enlist ser mesmo autorizado, os agricultores demandam que alguma forma de fundo de indenização seja estabelecida para pagar as perdas das propriedades prejudicadas – ideia obviamente refutada pela Dow.

O USDA recebeu mais de 5 mil comentários na consulta pública sobre a aprovação do milho Enlist, e a Coalizão Save Our Crops recolheu mais de 267.500 assinaturas para uma petição solicitando que o governo dos EUA negue o pedido da Dow.

* Segundo dados divulgados por organização financiada pela própria indústria de transgênicos, as plantas tolerantes a herbicidas representam 59% dos transgênicos plantados no mundo. As plantas inseticidas somam 15%, e as 26% restantes combinam uma ou mais versões das duas características anteriores.

Com informações de:
- Dow Corn, Resistant to a Weed Killer, Runs Into Opposition – The New York Times, 25/04/2012.
- Analysis - Dow's new corn - "time bomb" or farmers' dream? – Reuters, 24/04/2012 (disponível em português na página do Instituto Carbono Brasil).

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Neste número:

1. Sai milho transgênico, entra o crioulo
2. Produtividade de soja convencional da Embrapa supera média nacional em RO
3. Uso de agrotóxicos pode alterar comportamento de gerações futuras
4. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho
5. Syngenta mira receita de R$ 1 bi na África
6. Novo site traz subsídios para debates sobre agricultura na Rio+20

A alternativa agroecológica

Barragem subterrânea mantém solo úmido em períodos de seca

Dica de leitura

Socla lança artigo sobre agroecologia na Rio+20


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1. Sai milho transgênico, entra o crioulo

Milho Crioulo e não sementes transgênicas no programa troca-troca do Governo do estado do RS

O conselho do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper/RS) suspendeu, em votação no dia 24/04, a distribuição de sementes transgênicas de milho no Troca-Troca de sementes para a safra 2012-2013. O programa, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, tem por objetivo facilitar a formação das lavouras dos pequenos produtores.

Através de ampla mobilização do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA) Núcleo Pelotas e do Fórum da Agricultura Familiar (FAF), através do seu GT de sementes, os conselheiros do Feaper derrubaram por nove votos a seis a distribuição de sementes transgênicas como política pública e a aprovação da compra e distribuição pelo Estado de sementes crioulas.

A coordenadora do CAPA núcleo Pelotas, Rita Surita considera esta decisão uma grande vitória, tanto para garantir a preservação e multiplicação das sementes de milho crioulo como pelo receio da contaminação através dos transgênicos. "Nossa preocupação é muito grande com a contaminação e com o desconhecimento por parte dos agricultores em relação ao tipo de sementes que estavam recebendo", completa.

Segundo o engenheiro agrônomo do CAPA e coordenador do GT de sementes do Fórum da Agricultura Familiar, Roni Bonow o movimento pela preservação e multiplicação das sementes de milho crioulo começou já em 2010, quando o conselho do Feaper inseriu as sementes de milho transgênico no programa troca-troca de sementes do estado. "Organizamos a jornada pela preservação do milho crioulo e realizamos na região sul um movimento para que os agricultores, prefeituras e sindicatos não pedissem as sementes transgênicas do troca-troca. Além disso, construímos em conjunto com a Unaic e Conab um projeto que doou 30 toneladas de milho crioulo para aproximadamente seis mil famílias de agricultores familiares, alcançando ótimo resultados de produtividade, grande diversidade de sementes plantadas e multiplicação das variedades crioulas e, esta semana tivemos esta dupla vitória, a retirada do milho OGM do programa e a inserção do milho crioulo e feijão para os agricultores familiares", explica Bonow.

Este ano, novamente o território Zona Sul, numa ação do Fórum Regional da Agricultura Familiar em parceira com a CONAB e Bionatur irá fornecer sementes orgânicas de hortaliças para 3.900 famílias, incentivando o plantio orgânico e valorizando as sementes produzidas pelos assentados da região. Sobre isso comenta Rita Surita: "nosso trabalho é mostrar a viabilidade de construir uma agricultura sustentável a partir do material genético e das sementes produzidas pelos próprios agricultores. Não queremos ser apenas contra os transgênicos, temos que mostrar que a agricultura tradicional tem muito a ensinar e que a humanidade tem se sustentado em diferentes épocas e convivido com drásticas mudanças praticando uma agricultura em parceria com a natureza".

Fonte: Em Pratos Limpos, 19/05/2012 (enviado por Rocheli Wachholz | CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor).

2. Produtividade de soja convencional da Embrapa supera média nacional em RO

Os resultados do Programa Soja Livre em Rondônia foram apresentados na sexta-feira (18), durante reunião realizada no Campo Experimental da Embrapa Rondônia em Vilhena.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Rodrigo Brogin e Vicente Godinho, algumas variedades de soja livre (convencionais, ou não geneticamente modificadas) avaliadas nas Unidades Demonstrativas (UD's) do Programa, apresentaram produtividades médias próximas a 4.000 kg/ha, valor significativo e acima das médias observadas no país e no estado, de 2.665 kg/ha e 3.204 kg/ha, respectivamente, segundo o levantamento da produção de soja realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em maio de 2012.

"Com a divulgação de variedades de soja livre, o Programa foi uma oportunidade de a Embrapa mostrar que possui tecnologias que garantem produtividade e competitividade no estado", destaca o engenheiro agrônomo Frederico Botelho.

As maiores médias de produtividade foram observadas na UD instalada no município de Castanheiras, na Zona da Mata do Estado, com valores maiores que 5000 kg/ha. (...)

Fonte: Embrapa, 22/05/2012.

3. Uso de agrotóxicos pode alterar comportamento de gerações futuras

O contato com elementos ambientais tóxicos pode influir na resposta de futuras gerações ao estresse e causar desordens de conduta, segundo um estudo realizado nos Estados Unidos com ratos.

O estudo, realizado por pesquisadores das universidades de Washington e do Texas, comprovou que apenas uma exposição de fêmeas que esperavam filhotes a um fungicida utilizado em frutas e verduras, a vinclozolina, tinha consequências sobre a conduta da terceira geração de seus descendentes, apesar deles terem sido criados livres do agrotóxico.

Segundo os resultados do estudo, publicado nesta segunda-feira na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)", estes roedores se mostraram mais sensíveis às situações de estresse e experimentaram uma maior ansiedade do que os descendentes de ratos que não tiveram contato com o fungicida.

"Estamos atualmente na terceira geração humana desde o começo da revolução química, desde que os humanos ficaram expostos a estes tipos de toxinas", afirmou um dos autores da pesquisa, David Crews.

Até o momento, não se sabia que a resposta ao estresse pudesse depender dos fatores ambientais dos antepassados. Mas os mesmos pesquisadores já tinham demonstrado anteriormente que a vinclozolina podia afetar os genes.

Segundo o estudo, a socialização do indivíduo e os níveis de ansiedade com os quais ele reage perante ao estresse são condicionados não só pelos eventos de sua vida mas também pela herança ancestral epigenética (mudanças genéticas causadas por fatores externos ao organismo).

"Não há dúvida de que assistimos a um aumento real de problemas mentais como o autismo e o transtorno bipolar", declarou Crews, que opinou que isto não se deve apenas a vivermos num mundo mais frenético, mas também pelo efeito dos fatores ambientais.

Em seu estudo, os investigadores também observaram que os ratos cujos antepassados estiveram expostos à vinclozolina eram maiores e tinham níveis de testosterona mais altos.

Fonte: EcoDebate, 22/05/2012 (matéria da Agência EFE, no Yahoo Notícias).

4. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho

O INCA (Instituto Nacional de Câncer) lançou recentemente o documento intitulado "Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho", que aborda a questão do câncer decorrente da exposição a agentes químicos presentes no ambiente e nos processos de trabalho. A publicação visa organizar, sistematizar e disponibilizar os diversos procedimentos para registro, acompanhamento e intervenção no âmbito da vigilância e assim subsidiar as ações realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O estudo destaca, entre outros, os compostos químicos cancerígenos presentes nos agrotóxicos. "A população rural constitui o grupo populacional mais diretamente exposto, muitas vezes desde a infância, porém toda a população pode ter contato com agrotóxicos, seja pela ocupação, pela alimentação ou pelo ambiente", observa o documento.

O trabalho cita diversas pesquisas que associam o desenvolvimento de câncer a diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos – entre eles o herbicida glifosato, um dos venenos mais utilizados no país e que teve seu consumo multiplicado a partir da introdução da soja transgênica: "estudos relacionam [o glifosato] a ocorrência de linfoma não Hodgkin (Hardell et al., 2002; De Ross et al., 2003; Cox, 2004) e mieloma múltiplo (De Ross et al., 2005)."

O documento alerta que "O grande número de estudos que apontam o potencial cancerígeno dos agrotóxicos e a ocorrência de outros agravos à saúde humana relacionados a esses produtos colocam o uso extensivo desses químicos no centro das preocupações da Saúde Pública. A complexidade das medidas de prevenção que urgem ser discutidas e adotadas no país resultam de sua utilização de forma descontrolada, a associação entre diversos tipos e marcas de agrotóxicos e a naturalização de sua manipulação."

A íntegra do documento está disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/diretrizes_cancer_ocupa.pdf

5. Syngenta mira receita de R$ 1 bi na África

A Syngenta, gigante global de defensivos [agrotóxicos] e biotecnologia, deve investir cerca de US$ 500 milhões na África nos próximos dez anos, afirmou o CEO da empresa, Mike Mack. O executivo estima que o investimento gere um receita anual de US$ 1 bilhão.

Fonte: Valor Econômico, 21/05/2012.

6. Novo site traz subsídios para debates sobre agricultura na Rio+20

A Foundation on Future Farming e a Biovision lançaram um novo site voltado para os debates sobre agricultura e a questão fundiária que ocorrerão na Rio+20 – www.globalagriculture.org. A página, em inglês, disponibiliza os resultados do IAASTD, trazendo dados atualizados, outras referências sobre o tema e mais dicas de leitura, além dos documentos originais da avaliação sobre o estado da pesquisa agrícola no mundo.

Fonte: Em Pratos Limpos, 12/05/2012.

A alternativa agroecológica

Barragem subterrânea mantém solo úmido em períodos de seca

Uma solução simples pode ajudar os agricultores do semiárido a segurar a umidade das águas do período chuvoso: a barragem subterrânea, uma tecnologia de construção rápida e barata, que mantém a umidade do solo favorecendo o plantio durante, praticamente, o ano todo.

O programa Globo Rural foi à região do Seridó, no sudoeste do Rio Grande do Norte, mostrar experiências apoiadas pela Emater em projeto que conta com a parceria da prefeitura, do governo estadual e do governo federal.

Seu Lourenço, agricultor contemplado com uma barragem, hoje mantém uma propriedade diversificada, de onde ele e todos os filhos tiram seu sustento (numa escala que atende sete famílias). "Só de banana ele tira uma tonelada por mês. Há também mamão, coco-da-baía, pimenta, caju, amendoim, tomate, pinha, feijão, goiaba, cebolinha e coentro. Só de hortaliças em geral são mais de 20 canteiros", mostra a reportagem.

Além da barragem subterrânea, seu Louro adotou tecnologias complementares para a retenção da água na propriedade, como a construção de renques: muros de pedra no pé dos morros, que evitam o carreamento do solo superficial para o leito dos rios e também ajudam a manter a umidade no terreno.

A maior parte da produção da família é vendida para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e para o Compra Direta, programa estadual que também atende às escolas da região. A terra da família, que antes arrendava para plantar, foi adquirida através do crédito fundiário. Graças à fartura garantida pelas técnicas de convivência com o semiárido, seu Louro está em dia com as prestações.

Experiências desse tipo mostram a capacidade que têm os agricultores familiares para produzir alimentos e conservar os recursos naturais, garantindo sua sobrevivência e reprodução e ao mesmo tempo abastecendo a população com produtos de qualidade. Basta um mínimo de apoio com políticas públicas adequadas.

Veja a reportagem do Globo Rural, veiculada em 11/03/2012.

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sábado, 19 de maio de 2012

Ligação entre Parkinson e agrotóxicos é oficialmente reconhecida na França

18 de maio de 2012



Por Angela Bolis
Do Le Monde*


A tomada de consciência dos efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde dos agricultores - em que reinava até agora a lei do silêncio - está apenas começando a emergir e a dar os seus frutos.
Em fevereiro, a vitória de um produtor de grãos, Paul François, que havia movido um processo contra a gigante norte-americana Monsanto, abriu um precedente na França. A empresa foi julgada responsável pela intoxicação do produtor por meio da inalação do agrotóxico Lasso – retirado do mercado em 2007, na França - quando estava limpando o tanque de seu pulverizador de herbicidas. Os riscos do uso deste herbicida já eram conhecidos há mais de 20 anos.

Alguns dias mais tarde, já eram dezenas de produtores a se manifestar no Salão da Agricultura, em frente à estante da União das Indústrias da Proteção das Plantas (UIPP). Suas reivindicações: a classificação de doenças relacionadas ao uso de pesticidas em doenças ocupacionais e a retirada de produtos perigosos.

No dia 30 de abril, foi outra decisão, aquela da Comissão de Indenização das Vítimas de Infração (Civi) de Epinal, que veio trazer água para o moinho: naquele dia, o Estado foi condenado a indenizar um produtor de grãos de Meurthe-et-Moselle que sofre de uma síndrome mieloproliferativa. Inicialmente reconhecida como doença profissional, a patologia foi então associada pela Civi ao uso de produtos que continham especialmente benzeno.

Um decreto “ansiosamente aguardado”

Nesta paisagem que lentamente começa a evoluir, o decreto sobre o reconhecimento do Mal de Parkinson foi, portanto, “ansiosamente aguardado”, observa Guillaume Petit. O agricultor pertence à Associação de Fitovítimas, criada em março de 2011, e com a qual Paul François foi um dos primeiros a quebrar o silêncio, atacando a Monsanto. Ele esperou quatro anos para ter sua doença reconhecida como doença ocupacional. “Quantos veem seu pedido negado? Quantos inclusive chegam a abandoná-lo devido às dificuldades?”, perguntou após a criação desta Associação.

A inclusão do Mal de Parkinson nas listas de doenças ocupacionais do sistema agrícola facilitará, portanto, os esforços para os agricultores em quem esta doença será diagnosticada em menos de um ano após a utilização dos pesticidas - o texto não especifica quais. “É um reconhecimento oficial que já é importante em termos simbólicos”, observa Guillaume Petit. “Mas também é um caminho para o agricultor ser apoiado financeiramente, no caso de incapacidade de continuar trabalhando”.

Em 10 anos, cinco doenças ligadas aos pesticidas são reconhecidas

Até agora, de acordo com Yves Cosset, médico do trabalho e assistente nacional de saúde do Mutual de Saúde dos Agricultores (MSA), apenas 20 casos do Mal de Parkinson foram relatados aos comitês de reconhecimento de doenças ocupacionais em uma década. Dez foram aceitos e outros 10 rejeitados. No mesmo período, apenas quatro ou cinco casos da doença foram oficialmente reconhecidos como causados por pesticidas.

No total, são 4.900 doenças que são reconhecidas a cada ano como doenças profissionais entre os agricultores. Mais de 90% são TMS (distúrbios osteomusculares); os demais casos estão relacionados principalmente aos animais e ao pó de madeira ou amianto, de acordo com Yves Cosset.

Nas listas de doenças ocupacionais do sistema agrícola, há, por exemplo, a doença de Lyme – causada por carrapatos –, tétano ou hepatite. Mas também algumas doenças relacionadas aos produtos fitossanitários. É particularmente citado, desde 1955, o arsênico, responsável por vasta gama de doenças – irritação, intoxicação ou câncer. Ou ainda o benzeno, classificado como cancerígeno, e o pentaclorofenol (PCP), proibido como pesticida desde 2003.

Mas, lembra Yves Cosset, “estas listas estão evoluindo com o conhecimento da ciência. No entanto, a maioria das doenças relacionadas aos pesticidas vai ocorrer em intervalos diferentes, dez, vinte, até trinta anos após o início da sua utilização. Na medicina do trabalho, começou-se a falar do amianto na década de 1960 e este produto só foi mencionado nestas listas em 1998 para os cânceres. Por conseguinte, não é de excluir que outras doenças possam surgir e sejam reconhecidas em anos futuros...”.
* A tradução do Cepat

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Monsanto prohibido en Polonia, Bélgica, Gran Bretaña, Bulgaria, Francia, Alemania, Irlanda y Eslovaquia | Vamos a Cambiar el Mundo

Monsanto prohibido en Polonia, Bélgica, Gran Bretaña, Bulgaria, Francia, Alemania, Irlanda y Eslovaquia

Burkina Faso abandona o algodão transgênico

Burkina Faso abandona o algodão transgênico | 


As associações algodoeiras do país retornaram à produção do algodão convencional em 2012
Claire Fages
RFI
Burkina Faso foi a “ponta de lança” dos transgênicos no oeste do continente africano. Entretanto, muito decepcionados pelos rendimentos e pela qualidade do algodão geneticamente modificado, as associações algodoeiras do país retornaram à produção do algodão convencional em 2012.
O algodão transgênico não manteve suas promessas em Burkina Faso. Graças à sua resistência aos insetos, ele deveria dar rendimentos 30% superiores em relação ao algodão tradicional. Mas tal crença não vigorou. Claro que o clima não era favorável. Porém, não explica tudo, longe disso.
As razões das perdas estão inerentes ao próprio algodão geneticamente modificado. Mais sofisticado, com as cápsulas maiores, o algodão transgênico não sofre nenhum dano, explica Gérald Estur, consultor especializado. A semente exige uma dose precisa de fertilizantes específicos. Mas ela não recebeu cuidados tão precisos, dado o hábito dos produtores de algodão de desviar uma parte de insumos subsidiados para outras culturas, em particular , as de alimentos. Mas a pior surpresa mesmo é a baixa qualidade da fibra.
A semente vendida pela Monsanto à Burkina Faso foi sem dúvida fabricada às pressas. Cruzada com a variedade estadunidense, ela dá um algodão mais branco que a cor creme, comum da espécie do oeste africano. Porém a fibra é consideravelmente mais curta. A fibra é uma fiação de algodão em toda a sua qualidade. O algodão de Burkina Faso, com a variedade “média-alta”, como todo o algodão do oeste africano, se encontra numa classificação inferior do algodão paquistanês. O uso dos transgênicos não só desorientou os descascadores, mas também o comércio, com um padrão de preços 10% inferiores e uma considerável falta de ganhos para as associações algodoeiras do país. É por isso que esse ano elas recuaram. O plantio começará em breve e elas distribuirão praticamente 100% das sementes tradicionais, contra 30% no ano anterior.
As sementes transgênicas, que cobriam 70% da superfície do país no ano passado serão evitadas até que a Monsanto descubra uma solução para eliminar o caráter negativo pela qualidade da fibra. Isso também para o desgosto dos algodoeiros que estavam habituados a trabalhos menos sofridos e menos perigosos para a saúde, porque o algodão transgênico demandaria muito menos de tratamentos fito-sanitários que o algodão convencional.

Algodão - maio 99

Algodão - maio 99